Em parceria com a Sabesp e a ONG Trevo, o Shopping Center D, participa da "Campanha de Coleta e Reciclagem de Óleo de Cozinha". O objetivo da ação, é incentivar moradores dos bairros próximos ao shopping a contribuir com o meio ambiente, reunindo sobras de óleo de cozinha em garrafas pet e depositando-as em containers localizados tanto no térreo, como no piso G1 do empreendimento.
"Promover ações de Sustentabilidade é zelar pelo bem-estar de nossos clientes. Por isso, a nossa participação em iniciativas como essa é fundamental", justifica a gerente de marketing do Shopping Center D, Elizabeth G. Coutinho.
Campanha
Para incentivar a adesão do público à campanha, a Sabesp entregará nas casas vizinhas ao Shopping Center D contas de água acompanhadas de um funil feito de papel reciclável com informações sobre os danos e prejuízos causados pelo simples ato de descartar óleo de cozinha no ralo da pia da cozinha.
"Esta prática contamina lençóis freáticos e rios. Cada litro de óleo é capaz de poluir até 20 mil litros de água limpa. Isso põe em risco a vida de pessoas, peixes e animais", alerta Roberto Costacoi, um dos coordenadores da ONG Trevo, especializada em reciclagem de óleo de cozinha.
O óleo coletado será encaminhado à ONG Trevo, que converte o resíduo em matéria-prima para a fabricação de sabão e insumos usados na produção de biodiesel. "A existência de ecopontos no Shopping D facilita a destinação correta desta substância na zona norte, já que o empreendimento é bem localizado e fica aberto todos os dias", diz Costacoi.
Além da prevenção de riscos à saúde da população, a campanha apoiada pelo Shopping Center D ajuda a manter as cerca de 40 famílias carentes empregadas pela ONG Trevo no processamento do óleo de cozinha arrecadado. Parte da renda gerada com a venda de produtos reciclados à base de óleo é revertida às crianças mantidas pelo Lar Betânia, na cidade de Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo. "O engajamento de todos nesta ação é muito importante. Juntos, podemos gerar importantes benefícios por meio de uma atitude muito simples", diz Elizabeth.
Serviço:
Shopping Center D. Av. Cruzeiro do Sul, 1.100 Canindé São Paulo/SP. Informações pelo telefone (11) 4506.6000.
terça-feira, 28 de abril de 2009
sábado, 11 de abril de 2009
Destino correto do óleo de cozinha em Teresópolis
Com certeza você já deve ter visto alguém jogando óleo de cozinha usado na pia, em vasos sanitários e até mesmo em tanques. Apesar de comum, esta prática é extremamente prejudicial ao meio ambiente. Por este motivo, a Secretaria de Meio Ambiente vem desenvolvendo um projeto para tentar retirar de circulação e dar o destino adequado para este tipo de material.
De acordo com Flávio Castro, Secretário de Meio Ambiente, os danos são grandes. Ao despejar o material no ralo, o óleo pode entupir a tubulação da casa ou apartamento e da rua. “O óleo tem um poder de destruição muito grande, especialmente para a água dos rios. Existe um estudo que para cada litro de óleo misturado na água, são contaminados cerca de 22 mil litros de água. Se a gente for colocar isso para dentro da nossa casa, esse óleo sendo jogado dentro da pia, sendo jogado dentro do tanque, com o passar do tempo, ele vai entupir a tubulação, o que pode causar proliferação de bactérias o que pode até trazer doenças para as pessoas que estão dentro de casa” explicou Flávio.
Este material, quando não passa pela estação de tratamento, vai diretamente para o rio direto ou para o mar e a cadeia de gordura demora meses para se desfazer. É só você olhar atentamente algumas praias. Sabe aquela espuma que as vezes vemos no mar, é resultado da gordura que saiu do esgoto e foi escoada no litoral.
Segundo Flávio, a melhor forma de descartar o material, é colocando os resíduos em uma garrafa pet, bem fechada, e entregando em postos de reciclagem. “Em Teresópolis, estas garrafas podem ser colocadas em um dos pontos de reciclagem espalhados pela cidade. O roteiro da coleta seletiva está disponível na secretaria do Meio Ambiente, e os bairros que não estiverem no roteiro, podem procurar pelos Ecopontos que estão colocados estrategicamente em 15 bairros” lembrou.
Ainda este ano, 20 novos pontos da cidade vão receber o Ecoponto, o que vai auxiliar no descarte de todo tipo de material reciclável, incluindo produtos feitos com plástico, papelão e as garrafas com o óleo de cozinha. “Praticamente todos os bairros vão ter acesso a coleta seletiva. Fica então o apelo para a população: é muito importante ter cuidado ao descartar o óleo usado, ele deve ser guardado e entregue nos postos de coleta, pois nós fazemos o encaminhamento para as cooperativas que vão dar o destino adequado ao material” ressaltou.
Além de beneficiar o meio ambiente, o descarte consciente vem beneficiando as famílias da cidade que trabalham com a reciclagem deste lixo: “A gente encaminha este material para a cooperativa de catadores que vende o óleo e arrecada dinheiro, gerando emprego e realizando a eliminação correta do produto, que é transformado em biodiesel, que é um tipo de combustível para veículos, e também em produtos de limpeza”.
Com o encaminhamento correto, por mês, somente em Teresópolis, um número considerável de litros de óleo tem deixado ser despejado nos rios da cidade, o que mostra uma evolução na conscientização ambiental dos teresopolitanos. “Neste mês de julho nós recolhemos 170 litros de óleo. Tivemos a adesão, principalmente, dos proprietários de restaurantes do Shopping Teresópolis e outros estabelecimentos do centro da cidade. Se os comerciantes e a população aderir a gente consegue tirar entre 500 e mil litros de óleo de circulação do ambiente natural” enfatizou.
Quando existe um número maior de produção de material reciclável, existe um aumento proporcional de mão-de-obra que para manusear estes resíduos, oferecendo oportunidade de emprego para a população: “Esta é uma das teclas em que a gente bate nesse sentido para que as pessoas se conscientizem de que ao jogar alguma coisa fora, este material vai ser passado para alguém ganhar dinheiro”.
A cidade tem uma cooperativa com 38 funcionários, que complementam a renda familiar com o dinheiro proveniente da reciclagem do lixo gerado em Teresópolis. “Se a gente conseguir aumentar a eficiência da coleta seletiva, que é fundamental para qualquer município, a gente vai poder ter de 150 a 200 pessoas se sustentando da coleta seletiva, ou seja, é mais emprego, é mais dinheiro, menos violência e menos desemprego. Isso cria um circulo virtuoso que é muito importante para a cidade” disse.
Além da coleta que gera empregos diretamente, em Teresópolis, algumas pessoas fazem artesanato aproveitando o óleo usado: “A gente tem informação na Secretaria de que tem uma moça na Beira-Linha que trabalha por conta própria e às vezes ela pega material com a gente aqui com a gente”.
Lembrando que para descartar o óleo usado, o material deve ser colocado nos Ecopontos ou nos postos de coleta seletiva da rota estipulada pela prefeitura.
Quem quiser mais informações sobre as rotas da coleta seletiva pode ligar para a Secretaria de Meio Ambiente pelo telefone 3641-5870.
Joanna Medeiros
De acordo com Flávio Castro, Secretário de Meio Ambiente, os danos são grandes. Ao despejar o material no ralo, o óleo pode entupir a tubulação da casa ou apartamento e da rua. “O óleo tem um poder de destruição muito grande, especialmente para a água dos rios. Existe um estudo que para cada litro de óleo misturado na água, são contaminados cerca de 22 mil litros de água. Se a gente for colocar isso para dentro da nossa casa, esse óleo sendo jogado dentro da pia, sendo jogado dentro do tanque, com o passar do tempo, ele vai entupir a tubulação, o que pode causar proliferação de bactérias o que pode até trazer doenças para as pessoas que estão dentro de casa” explicou Flávio.
Este material, quando não passa pela estação de tratamento, vai diretamente para o rio direto ou para o mar e a cadeia de gordura demora meses para se desfazer. É só você olhar atentamente algumas praias. Sabe aquela espuma que as vezes vemos no mar, é resultado da gordura que saiu do esgoto e foi escoada no litoral.
Segundo Flávio, a melhor forma de descartar o material, é colocando os resíduos em uma garrafa pet, bem fechada, e entregando em postos de reciclagem. “Em Teresópolis, estas garrafas podem ser colocadas em um dos pontos de reciclagem espalhados pela cidade. O roteiro da coleta seletiva está disponível na secretaria do Meio Ambiente, e os bairros que não estiverem no roteiro, podem procurar pelos Ecopontos que estão colocados estrategicamente em 15 bairros” lembrou.
Ainda este ano, 20 novos pontos da cidade vão receber o Ecoponto, o que vai auxiliar no descarte de todo tipo de material reciclável, incluindo produtos feitos com plástico, papelão e as garrafas com o óleo de cozinha. “Praticamente todos os bairros vão ter acesso a coleta seletiva. Fica então o apelo para a população: é muito importante ter cuidado ao descartar o óleo usado, ele deve ser guardado e entregue nos postos de coleta, pois nós fazemos o encaminhamento para as cooperativas que vão dar o destino adequado ao material” ressaltou.
Além de beneficiar o meio ambiente, o descarte consciente vem beneficiando as famílias da cidade que trabalham com a reciclagem deste lixo: “A gente encaminha este material para a cooperativa de catadores que vende o óleo e arrecada dinheiro, gerando emprego e realizando a eliminação correta do produto, que é transformado em biodiesel, que é um tipo de combustível para veículos, e também em produtos de limpeza”.
Com o encaminhamento correto, por mês, somente em Teresópolis, um número considerável de litros de óleo tem deixado ser despejado nos rios da cidade, o que mostra uma evolução na conscientização ambiental dos teresopolitanos. “Neste mês de julho nós recolhemos 170 litros de óleo. Tivemos a adesão, principalmente, dos proprietários de restaurantes do Shopping Teresópolis e outros estabelecimentos do centro da cidade. Se os comerciantes e a população aderir a gente consegue tirar entre 500 e mil litros de óleo de circulação do ambiente natural” enfatizou.
Quando existe um número maior de produção de material reciclável, existe um aumento proporcional de mão-de-obra que para manusear estes resíduos, oferecendo oportunidade de emprego para a população: “Esta é uma das teclas em que a gente bate nesse sentido para que as pessoas se conscientizem de que ao jogar alguma coisa fora, este material vai ser passado para alguém ganhar dinheiro”.
A cidade tem uma cooperativa com 38 funcionários, que complementam a renda familiar com o dinheiro proveniente da reciclagem do lixo gerado em Teresópolis. “Se a gente conseguir aumentar a eficiência da coleta seletiva, que é fundamental para qualquer município, a gente vai poder ter de 150 a 200 pessoas se sustentando da coleta seletiva, ou seja, é mais emprego, é mais dinheiro, menos violência e menos desemprego. Isso cria um circulo virtuoso que é muito importante para a cidade” disse.
Além da coleta que gera empregos diretamente, em Teresópolis, algumas pessoas fazem artesanato aproveitando o óleo usado: “A gente tem informação na Secretaria de que tem uma moça na Beira-Linha que trabalha por conta própria e às vezes ela pega material com a gente aqui com a gente”.
Lembrando que para descartar o óleo usado, o material deve ser colocado nos Ecopontos ou nos postos de coleta seletiva da rota estipulada pela prefeitura.
Quem quiser mais informações sobre as rotas da coleta seletiva pode ligar para a Secretaria de Meio Ambiente pelo telefone 3641-5870.
Joanna Medeiros
quarta-feira, 4 de março de 2009
Alga descartada para aplicação de biodiesel pode ser usada para bioquerosene
Agência FAPESP – Embora, entre as matrizes vegetais, a soja seja a principal base do biodiesel do Brasil, sua escala de produtividade é baixa – de 400 a 600 quilos de óleo por hectare – e tem apenas um ciclo anual. O girassol pode produzir um pouco mais, de 630 a 900 quilos. No entanto, pesquisa realizada no Instituto de Biologia da Universidade Federal Fluminense (UFF) indica que microalgas encontradas no litoral brasileiro têm potencial energético para produzir 90 mil quilos de óleo por hectare.
E, segundo o estudo, elas têm diversas outras vantagens. Do ponto de vista ambiental, o biodiesel de microalgas libera menos gás carbônico na atmosfera do que os combustíveis fósseis, além de combater o efeito estufa e o superaquecimento.
A alternativa também não entra em conflito com a agricultura, pode ser cultivada no solo pobre e com a água salobra do semi-árido brasileiro – para onde a água do mar também pode ser canalizada – e abre possibilidades para que países tropicais (como a Polinésia e nações africanas) possam começar a produzir matriz energética. Além disso, as algas crescem mais rápido do que qualquer outra planta.
“O biodiesel de microalgas ainda não é viável, mas em cinco anos haverá empresas produzindo em larga escala”, estima o biólogo Sergio Lourenço, do Departamento de Biologia Marinha da UFF, responsável pelo estudo.
Lourenço identificou dezenas de espécies com potencial para produzir o biodiesel em larga escala. O problema é que a porcentagem de lipídios de cada alga não é alta – poucas espécies chegam a 20% de concentração. Mas a soja (18%) e o dendê (22%) também concentram baixas quantidades de lipídios. O amendoim concentra 40%.
“Se a matriz tem baixa concentração de lipídios, temos que acumular muito mais massa”, explica o biólogo. Por isso, ele e sua equipe trabalham em métodos para estimular a concentração de lipídios. “Por meio de técnicas de manipulação das condições de cultivo, conseguimos alterar a composição química nos meios de cultura, aumentando assim a concentração de lipídios. Em dez dias a biomassa está apta a ser colhida.”
Há pouco mais de um ano, o projeto vem sendo articulado com o Ministério da Ciência e Tecnologia, o Ministério da Agricultura, a Secretaria Especial de Água e Pesca e a Casa Civil, que conduz o Programa Nacional de Biodiesel.
Conversas têm sido feitas com a Petrobras para apoiar o projeto. O financiamento permitiria o cultivo em grande densidade, em tanques de 20 mil litros, primeiramente em uma unidade da UFF, antes de ser levada ao semi-árido. Há também, segundo Lourenço, outra vantagem ecológica nesse cultivo: para fazê-las crescer, é necessário tirar carbono da atmosfera.
As microalgas são usadas há décadas na produção de encapsulantes e na aquacultura, para alimentar peixes e outros animais. Segundo o pesquisador, desde a década de 1970, depois da primeira grande crise do petróleo de 1973, já se pensava na aplicação desses organismos marinhos para a produção de energia a partir da biomassa.
“Perdemos terreno por nunca ter investido o suficiente nessa frente. Hoje, o barril do petróleo custa US$ 70 e já chegou a custar US$ 143 este ano, batendo um recorde histórico. O Brasil tem tudo para se tornar a potência energética mundial. Nos encontramos na vanguarda dos biocombustíveis: além de termos alcançado a auto-suficiência na produção de petróleo, temos o maior programa de álcool do mundo”, destacou.
De acordo com Lourenço, outra vantagem é que, assim como a cana-de-açúcar, matéria-prima do etanol, as microalgas demandam uma área pequena para seu cultivo e podem produzir uma quantidade de biocombustível bem maior.
“A cana-de-açúcar ocupa 2% da área agrícola do Brasil, aproximadamente 45 milhões de hectares. A Embrapa indica que o país tem ainda 100 milhões de hectares que pode ocupar. O programa energético prevê mais 2 milhões de hectares, ainda assim uma fração da área total disponível. Com o cultivo das microalgas ocupando apenas 1% da área que a soja utiliza hoje, pode-se produzir a mesma quantidade de biodiesel que ela produz ao ano”, afirmou.
Algas para aviação
Presidente da Associação Brasileira de Biologia Marinha e autor do livro Cultivo de Microalgas Marinhas: princípio e aplicações (2006), Sergio Lourenço explica que não são todas as espécies de microalgas com potencial para biocombustível, mas conta que aquelas que identificou também poderiam ser aplicadas para a produção do bioquerosene, maior interesse do setor da aviação na atualidade.
Em fevereiro de 2008, um Boeing da companhia aérea Virgin Atlantic fez um vôo entre Londres e Amsterdã movido a bioquerosene à base de óleo vegetal – uma mistura de babaçu e coco. As empresas aéreas gastam 85 bilhões de galões de querosene tradicional por ano e são responsáveis por 3,5% das emissões de dióxido de carbono no mundo.
“O setor tem que diminuir as emissões e pretende trabalhar com uma mistura de 20% de bioquerosene, hoje feita à base de óleos vegetais, com o querosene tradicional, que custa o equivalente a 40% do preço de uma passagem aérea”, disse Lourenço.
Segundo ele, o processo de produção do bioquerosene é semelhante ao do biodiesel – ambas as moléculas estão presentes nas microalgas, com a diferença de que as do biodiesel são maiores.
“Elas têm a mesma classe de moléculas, mas com características químicas diferentes; uma alga descartada para aplicação de biodiesel pode ser usada para bioquerosene”, disse.
Em fevereiro de 2009, o setor aeronáutico estará reunido em Montreal, no Canadá, no Congresso da Associação Internacional de Aviação (Iata) para discutir, entre outros assuntos, o uso das microalgas na produção de bioquerosene. Esse foi também o destaque de um evento promovido pela Boeing em outubro passado.
O projeto da UFF será um dos destaques de um Congresso da Associação Brasileira de Biologia Marinha que será realizado em abril de 2009, na cidade de Búzios, no Rio de Janeiro.
Por Washington Castilhos, do Rio de Janeiro (RJ)
FONTE: Meio Filtrante
E, segundo o estudo, elas têm diversas outras vantagens. Do ponto de vista ambiental, o biodiesel de microalgas libera menos gás carbônico na atmosfera do que os combustíveis fósseis, além de combater o efeito estufa e o superaquecimento.
A alternativa também não entra em conflito com a agricultura, pode ser cultivada no solo pobre e com a água salobra do semi-árido brasileiro – para onde a água do mar também pode ser canalizada – e abre possibilidades para que países tropicais (como a Polinésia e nações africanas) possam começar a produzir matriz energética. Além disso, as algas crescem mais rápido do que qualquer outra planta.
“O biodiesel de microalgas ainda não é viável, mas em cinco anos haverá empresas produzindo em larga escala”, estima o biólogo Sergio Lourenço, do Departamento de Biologia Marinha da UFF, responsável pelo estudo.
Lourenço identificou dezenas de espécies com potencial para produzir o biodiesel em larga escala. O problema é que a porcentagem de lipídios de cada alga não é alta – poucas espécies chegam a 20% de concentração. Mas a soja (18%) e o dendê (22%) também concentram baixas quantidades de lipídios. O amendoim concentra 40%.
“Se a matriz tem baixa concentração de lipídios, temos que acumular muito mais massa”, explica o biólogo. Por isso, ele e sua equipe trabalham em métodos para estimular a concentração de lipídios. “Por meio de técnicas de manipulação das condições de cultivo, conseguimos alterar a composição química nos meios de cultura, aumentando assim a concentração de lipídios. Em dez dias a biomassa está apta a ser colhida.”
Há pouco mais de um ano, o projeto vem sendo articulado com o Ministério da Ciência e Tecnologia, o Ministério da Agricultura, a Secretaria Especial de Água e Pesca e a Casa Civil, que conduz o Programa Nacional de Biodiesel.
Conversas têm sido feitas com a Petrobras para apoiar o projeto. O financiamento permitiria o cultivo em grande densidade, em tanques de 20 mil litros, primeiramente em uma unidade da UFF, antes de ser levada ao semi-árido. Há também, segundo Lourenço, outra vantagem ecológica nesse cultivo: para fazê-las crescer, é necessário tirar carbono da atmosfera.
As microalgas são usadas há décadas na produção de encapsulantes e na aquacultura, para alimentar peixes e outros animais. Segundo o pesquisador, desde a década de 1970, depois da primeira grande crise do petróleo de 1973, já se pensava na aplicação desses organismos marinhos para a produção de energia a partir da biomassa.
“Perdemos terreno por nunca ter investido o suficiente nessa frente. Hoje, o barril do petróleo custa US$ 70 e já chegou a custar US$ 143 este ano, batendo um recorde histórico. O Brasil tem tudo para se tornar a potência energética mundial. Nos encontramos na vanguarda dos biocombustíveis: além de termos alcançado a auto-suficiência na produção de petróleo, temos o maior programa de álcool do mundo”, destacou.
De acordo com Lourenço, outra vantagem é que, assim como a cana-de-açúcar, matéria-prima do etanol, as microalgas demandam uma área pequena para seu cultivo e podem produzir uma quantidade de biocombustível bem maior.
“A cana-de-açúcar ocupa 2% da área agrícola do Brasil, aproximadamente 45 milhões de hectares. A Embrapa indica que o país tem ainda 100 milhões de hectares que pode ocupar. O programa energético prevê mais 2 milhões de hectares, ainda assim uma fração da área total disponível. Com o cultivo das microalgas ocupando apenas 1% da área que a soja utiliza hoje, pode-se produzir a mesma quantidade de biodiesel que ela produz ao ano”, afirmou.
Algas para aviação
Presidente da Associação Brasileira de Biologia Marinha e autor do livro Cultivo de Microalgas Marinhas: princípio e aplicações (2006), Sergio Lourenço explica que não são todas as espécies de microalgas com potencial para biocombustível, mas conta que aquelas que identificou também poderiam ser aplicadas para a produção do bioquerosene, maior interesse do setor da aviação na atualidade.
Em fevereiro de 2008, um Boeing da companhia aérea Virgin Atlantic fez um vôo entre Londres e Amsterdã movido a bioquerosene à base de óleo vegetal – uma mistura de babaçu e coco. As empresas aéreas gastam 85 bilhões de galões de querosene tradicional por ano e são responsáveis por 3,5% das emissões de dióxido de carbono no mundo.
“O setor tem que diminuir as emissões e pretende trabalhar com uma mistura de 20% de bioquerosene, hoje feita à base de óleos vegetais, com o querosene tradicional, que custa o equivalente a 40% do preço de uma passagem aérea”, disse Lourenço.
Segundo ele, o processo de produção do bioquerosene é semelhante ao do biodiesel – ambas as moléculas estão presentes nas microalgas, com a diferença de que as do biodiesel são maiores.
“Elas têm a mesma classe de moléculas, mas com características químicas diferentes; uma alga descartada para aplicação de biodiesel pode ser usada para bioquerosene”, disse.
Em fevereiro de 2009, o setor aeronáutico estará reunido em Montreal, no Canadá, no Congresso da Associação Internacional de Aviação (Iata) para discutir, entre outros assuntos, o uso das microalgas na produção de bioquerosene. Esse foi também o destaque de um evento promovido pela Boeing em outubro passado.
O projeto da UFF será um dos destaques de um Congresso da Associação Brasileira de Biologia Marinha que será realizado em abril de 2009, na cidade de Búzios, no Rio de Janeiro.
Por Washington Castilhos, do Rio de Janeiro (RJ)
FONTE: Meio Filtrante
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